Na hora de comprar um carro novo, quando a questão é a pintura, basta apenas escolher a cor, certo? Não é exatamente assim… A maior parte dos modelos disponíveis no mercado é oferecida com três tipos de pinturas, cada uma com custo e efeitos visuais distintos: pintura sólida (ou lisa), metálica ou perolizada. Compreenda, a seguir, as diferença entre elas.

As pinturas sólidas também são chamadas de cores lisas, que contém apenas pigmentos de cores. “Elas não apresentam partículas de efeito na sua composição e, por isso, são enxergadas da mesma maneira independente do ângulo de observação”, explica Ricardo Vettorazzi – gerente técnico do laboratório de repintura da PPG, fornecedora de várias fabricantes instaladas no Brasil.

Já as pinturas metálicas carregam partículas de alumínio em sua composição, que refletem a luz e causam o efeito brilhante nas cores. Este tipo apresentanda uma leve mudança de tonalidade quando se altera o ângulo de observação e da incidência da luz.

O diferencial da pintura perolizada, como o nome sugere, é a presença de partículas de pérola. Elas são responsáveis por causar o fenômeno da interferência, o interessante efeito da mudança de tonalidade ao se observar o veículo de ângulos diferentes. Além disso, enquanto os dois outros tipos de pintura são compostos por duas camadas (da pintura em si e do verniz protetor), a perolizada tem uma camada extra, aplicada entre as duas, de resina misturada com as partículas de pérola.

A pintura sólida é normalmente oferecida sem custos adicionais na configuração básica dos modelos. Mas, atenção, há algumas marcas que cobram um valor adicional para determinadas cores sólidas. A Fiat, por exemplo, tem o Preto Volcano como cor base e acrescenta R$ 250 se o cliente optar pelas cores Vermelho Alpine ou Branco Banchisa, mesmo elas sendo sólidas.

A pintura metálica e a perolizada são oferecidas como opcionais..Os valores variam entre as marcas e, também, de acordo com o segmento do veículo. Mas a perolizada sempre é mais cara – ainda tomando o Fiat Mobi como exemplo, a pintura metálica acrescenta mais R$ 1.500, enquanto a perolizada custa R$ 1.700.

Embora o lado estético das tintas seja o que mais chama a atenção dos consumidores, a evolução mais notável diz respeito à durabilidade, independente se é sólida, metálica ou perolizada. Todas contam com a aplicação de uma camada de verniz que protege a pintura – e também a chapa metálica contra a corrosão.

“As tintas automotivas evoluíram muito em sua composição e ficaram extremamente resistentes à ação das intempéries do tempo, aos raios ultravioleta e até a fenômenos como a chuva ácida”, explica Gerson Burin, coordenador técnico do CESVI BRASIL. Ele alerta que, no caso da repintura, o consumidor deve ficar atento à qualidade da tinta empregada no processo. “Tintas de terceira linha podem ser muito mais baratas, mas a durabilidade é bastante questionável.”

Para manter a pintura do carro daquele jeito que dá gosto de ver, não há nenhum cuidado específico para a pintura metalizada ou a perolizada. Segundo especialistas, valem as mesmas recomendações para os três tipos:

– Evite deixar o carro estacionado em locais descobertos. Sempre que possível, o veículo deve ficar em local protegido do sol, chuva, sereno e poluição.
– Lave sempre o veículo na sombra, utilizando shampoo de pH neutro.
– Não utilize querosene, solventes ou qualquer outro produto químico na lavagem do veículo. E, caso haja contato desse tipo de produto com a pintura (por exemplo, durante o processo de abastecimento), lave o local atingido imediatamente com água.
– Também lave com água, o mais rápido possível, locais atingidos por fezes de aves, seiva de árvores ou qualquer resina vegetal.
– Faça aplicação regular de cera automotiva e o polimento da carroceria, o que ajuda a preservar a superfície do verniz.
– Em regiões litorâneas, é preciso ter um cuidado especial para evitar o acúmulo de areia nas guarnições de borracha – o atrito pode desgastar o verniz e se transformar em uma porta de entrada para um processo de corrosão.

Quando o assunto é reparação da pintura, a coisa muda um pouco de figura. “A principal diferença está na dificuldade para se chegar ao acerto da cor, de modo que a área reparada não fique com uma tonalidade diferente da pintura original”, explica Burin.

As cores lisas tem um processo simples e conhecido, que envolve a formulação da tinta, eventual acerto de tonalidade e a aplicação em si, com o número de demãos que varia de acordo com a cor. Nas cores metálicas, o nível de exigência em relação ao profissional que vai executar o serviço aumenta. “Além da formulação da cor e da correção dos desvios de tonalidade, o profissional precisa ser devidamente capacitado para que a área reparada não apresente manchas ou diferenças em relação à pintura original”, explica o especialista do CESVI.

Como já era de se esperar, a pintura perolizada é ainda mais trabalhosa. O motivo? a camada de resina com o efeito perolizado. “Dependendo do número de demãos dessa camada, a pintura pode clarear ou escurecer”, diz Burin. “Por isso, é essencial que o profissional realize testes e use plaquetas para comparar com a pintura original e saber quantas demãos devem ser aplicadas”, afirma.